Situação crítica dos rios e risco iminente de cheia
O Rio Grande do Sul entra nesta semana sob forte alerta hidrológico, com enchentes previstas em várias regiões devido à chuva excessiva que atinge o estado desde o último fim de semana. A MetSul Meteorologia informa que os principais rios estaduais já apresentam níveis elevados, e vários ultrapassam cotas de alerta e inundação.
A tendência é de agravamento da situação, com volumes de chuva entre 75 mm e 150 mm previstos apenas nesta quarta-feira, principalmente entre o Centro do estado, a região Oeste da Lagoa dos Patos e a Região Metropolitana de Porto Alegre. Esses acumulados vão impactar diretamente os rios Jacuí, Pardinho e os que cruzam o Vale do Rio Pardo.
Chuva intensa afeta diversas bacias hidrográficas
Na Serra Gaúcha, apesar da trégua parcial nas chuvas nesta quarta-feira, os acumulados da terça já superaram 100 mm em diversas áreas, especialmente no Oeste da região, afetando parte da bacia do Taquari-Antas. A boa notícia, segundo os meteorologistas da MetSul, é que as nascentes mais a leste dos rios Taquari, Caí e Paranhana estão fora da zona mais crítica da precipitação.
No entanto, a parte oeste da bacia do Taquari, que já registrou entre 100 mm e 150 mm, pode levar a transbordamentos e enchentes localizadas.
Projeção para a segunda metade da semana
A previsão indica que o cenário de cheia se intensificará entre quinta e domingo, com picos que variam conforme o comprimento e curso dos rios. Há risco elevado de enchente nos rios Santa Maria, Ibirapuitã, Vacacaí, Vacacaí Mirim, Ibicuí, Taquari, Pardinho, Caí, Camaquã, Jacuí e Ijuí. Já os rios Gravataí e Sinos têm menor probabilidade de transbordamento neste episódio.
As regiões mais vulneráveis incluem Cachoeira do Sul, o Vale do Rio Pardo, a Região Carbonífera e Eldorado do Sul, todas sob influência direta do Jacuí e seus afluentes. No Oeste gaúcho, o Ibirapuitã pode atingir níveis superiores à última cheia.
Subida do Guaíba em Porto Alegre
Outro ponto de alerta é o Lago Guaíba, que deve subir rapidamente até o fim da semana, impulsionado pela vazão do Jacuí. Embora o evento não deva repetir a catástrofe de maio de 2024, o risco de alagamento é alto nas ilhas, além da Praia de Paquetá em Canoas, com possibilidade de represamento do Arroio Feijó, o que pode causar inundação em Alvorada e na zona Norte de Porto Alegre.
Por que os rios estão subindo?
A origem do problema está nos volumes acumulados extremamente altos de chuva em curto espaço de tempo. Cidades como Encruzilhada do Sul (159 mm), Santa Maria (155 mm), São Vicente do Sul (148 mm) e São Borja (140 mm), registraram chuvas superiores a 100 mm em apenas 24 horas.
Entre o sábado e a tarde desta terça-feira, os acumulados em vários municípios já ultrapassam 200 mm, com picos como 234 mm em São Vicente do Sul e 214 mm em São Borja. Estações automáticas apontam ainda 180 mm em Tupanciretã e 165 mm em Soledade apenas entre 0h e 18h desta terça-feira, reforçando a gravidade do quadro hidrológico.
Comparação com a enchente histórica de 2024
É importante ressaltar que este evento não se compara à tragédia climática de maio de 2024, especialmente no que diz respeito aos volumes extremos registrados na Serra Gaúcha, onde se acumulou até 1000 mm de chuva em poucos dias. Agora, os valores esperados são significativamente menores, o que reduz o risco em áreas como os vales do Taquari e do Caí.
Mesmo assim, os volumes atuais se aproximam dos registrados no fim de abril de 2024 em áreas do Centro do estado, e a situação demanda atenção constante, dado o histórico de cheias frequentes no estado durante anos de El Niño ou instabilidade prolongada.
Atenção aos próximos dias
Com mais de 150 mm previstos até sexta-feira e acumulados já acima de 300 mm em diversas localidades, os próximos dias exigem monitoramento contínuo das condições meteorológicas e hidrológicas, especialmente nas regiões centrais e oeste do Rio Grande do Sul.