Pico da Pedra Branca registra temperaturas abaixo de 8 °C
Rio de Janeiro costuma ser sinônimo de praia, sol e calor intenso, mas o inverno pode surpreender até os mais céticos. Entre os meses de junho e agosto, algumas regiões específicas da capital fluminense registram temperaturas típicas de áreas serranas, especialmente nos pontos mais elevados do município.
O destaque vai para o Pico da Pedra Branca, na Zona Oeste, que atinge 1.025 metros de altitude, tornando-se o ponto mais alto do município do Rio de Janeiro. Embora a diferença de altura em relação ao Pico da Tijuca — que alcança 1.022 metros — seja mínima, é na Pedra Branca que o frio se faz sentir de forma mais intensa. Durante madrugadas de inverno, os termômetros, mesmo que de forma não oficial, registram marcas entre 7 °C e 8 °C.
Amplitude térmica elevada e clima serrano em plena cidade
A explicação para essa diferença térmica está na geografia local. Mais afastado do litoral do que o Pico da Tijuca, o Pico da Pedra Branca sofre menos influência da umidade marítima, o que favorece uma maior amplitude térmica: noites rigorosamente frias, com tardes ligeiramente mais aquecidas, porém sempre dentro de um padrão que contrasta com o estereótipo tropical do Rio.
Situado no coração do Parque Estadual da Pedra Branca, uma das maiores áreas de preservação urbana do planeta, o pico preserva vegetação densa e clima ameno. O acesso, no entanto, é exigente: são aproximadamente 11 quilômetros de trilha, percorridos a partir dos núcleos de Pau da Fome, Camorim, em Jacarepaguá, ou ainda por Piraquara, em Realengo.
Pedra do Ponto e outras áreas frias não oficiais
Outro ponto que se destaca pelas temperaturas mínimas expressivas é a Pedra do Ponto, vizinha ao Pico da Pedra Branca, onde as madrugadas também podem registrar valores inferiores aos observados em cidades serranas como Petrópolis e Teresópolis, sobretudo em noites de céu limpo e sob a atuação de massas de ar polar.
Ainda que faltem estações meteorológicas oficiais nesses picos, as observações feitas por pesquisadores e trilheiros experientes sustentam a reputação de que essas áreas são as mais frias da capital.
Alto da Boa Vista lidera nas médias oficiais
Nos registros oficiais, o bairro mais frio do Rio de Janeiro é o Alto da Boa Vista, situado a cerca de 300 metros de altitude. Mesmo nos dias de inverno mais amenos, as temperaturas máximas não sobem tanto quanto nas demais regiões da cidade. Esse padrão garante ao bairro uma média térmica baixa, com condições típicas de clima subtropical úmido.
Se a estação meteorológica de Bangu — desativada em 2004 — ainda estivesse em funcionamento, provavelmente veríamos o bairro se destacar tanto pelas mínimas quanto pelas máximas extremas. Isso se deve à sua distância significativa do mar e ao relevo em forma de vale, características que favorecem a acumulação de ar frio nas madrugadas e o calor extremo nas tardes de verão. Os moradores de Bangu sentem essas oscilações de forma bem concreta no dia a dia.
Mesmo bairros como Jardim Botânico, Grajaú e o próprio Alto da Boa Vista, conhecidos pelas menores máximas diurnas, não conseguem rivalizar em termos de mínimas absolutas com algumas regiões da Grande Bangu, onde os termômetros de rua frequentemente surpreendem.