Onda de frio traz sensação térmica extrema a Santa Catarina
Os Estados do Sul do Brasil, especialmente Santa Catarina, enfrentam temperaturas rigorosamente baixas desde o final de maio. O frio ganhou ainda mais intensidade com a chegada do inverno astronômico, que teve início com o solstício. Cidades como Urupema, nos altos da Serra Catarinense, registraram na terça-feira, 24 de junho, sensação térmica de -29 °C, um marco raríssimo mesmo para os padrões do clima subtropical da região.
O climatologista Ricardo Felício, especialista em dinâmica atmosférica, explica que essa massa de ar extremamente fria tem origem na Antártida, que nesta época do ano enfrenta dias muito curtos e longos períodos de escuridão. Segundo ele, “quanto mais fria estiver a Antártida, maior a probabilidade de o frio ser mais severo no território brasileiro”.
As massas de ar polar, originadas nas geleiras antárticas, migram em direção ao continente sul-americano, atingindo o Brasil com tempo seco e temperaturas muito baixas. Esse deslocamento é favorecido pela circulação atmosférica característica do inverno, que direciona os ventos friamente do sul para o norte.
Cidades serranas cobertas por neve e geada
O encontro entre a umidade vinda do Oceano Atlântico, que se mistura com a umidade da região amazônica, e o ar frio já instalado nas serras catarinenses e gaúchas, provoca fenômenos pouco comuns em grande parte do país. Bom Jardim da Serra e São Joaquim, também em Santa Catarina, foram cobertas por neve e gelo nas estradas e montanhas.
O especialista destaca que esse fenômeno é intensificado pela altitude das serras, que ultrapassam os mil metros. A presença da umidade, combinada com temperaturas negativas na primeira camada da atmosfera, favorece a formação de chuva congelada e neve. Quando a temperatura ao nível do solo fica abaixo de 0 °C, o vapor de água pode se transformar diretamente em flocos de neve, sobretudo quando há nebulosidade abundante e uma atmosfera instável.
Em cidades do interior catarinense, o frio intenso altera o cotidiano: os moradores recorrem ao fogão a lenha, que serve tanto para aquecer os alimentos quanto para manter as casas protegidas do clima severo. O cenário lembra regiões do hemisfério norte, com construções de madeira, chaminés ativas e paisagens brancas que contrastam com o verde dos pinheiros nativos.
Julho se apresenta como um dos meses mais frios dos últimos anos para o Sul do Brasil, reforçando a característica climática que diferencia a região do restante do país.